Dica de Série: Black Mirror 01×02: Fifteen Million Merits

 

Sinopse: Depois de não conseguir impressionar os juízes em um show de competição de canto, uma mulher deve ou executar atos degradantes ou retornar a uma existência análogo ao escravo.

Diretor: Euros Lyn

Escritoras: Charlie Brooker, Konnie Huq

Elenco:

Daniel Kaluuya como Bing

Jessica Brown Findlay como Abi

Rupert Everett como Judge Hope

Julia Davis como Judge Charity

 

Review: Contém spoilers

 

 

O episódio é uma lenta observação do personagem Bing, que encontra-se desconexo da realidade que vive, entediado e sem motivação. Herdou 12 milhões de pontuações de seu irmão morto. Ele não pode se desconectar aos estímulos visuais, tenta ignorar anúncios de pornografia, mas ele está sem pontuação suficientes para isso. Porém, tudo mudou quando ele viu Abi.

Algumas perguntas não são respondidas: O que aconteceu com a terra? Porque eles estão lá? Tem pessoas que estão no “jogo” e outros fora, não sabemos se eles escolheram ou não.

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Esse episódio capta um momento de nossas vidas, quando assistia me via quando estou na academia ou correndo na esteira ou na bicicleta assistindo televisão. Outro aspecto é o uso de avatar digitais, o qual usamos frequentemente online eles nos representam. Mais um ponto é o fato deles não utilizam dinheiro, mas pontuações hoje temos sistemas como estes como smiles e dotz, por exemplo. Há também as audiências tipo XFactor, são três juízes e tem o mais “respeitado” semelhante Simon Cowell, em personalidade. Um fato interessante é como o público segue as opiniões dos juízes, demonstrando como são facilmente influenciável.

 

 

Abi era uma menina que diferente, fazia pinguins Origami, tinha um brilho expansivo e um sonho de ser cantora. Um dia qualquer Bing ouve Abi cantando e a incentiva a entrar no show de talentos, por ela não ter a pontuação equivalente, ele compra o bilhete para ela. No show a multidão influenciada pela opinião dos juizes ferozes por novidades, eles desaprovam seu canto – como se essa opinião desqualificassem o dom dela de cantar – e lançam uma proposta para a bela moça uma chance de se tornar uma atriz porno em uma estação de TV pornográfico.

Com a pressão Abi relutantemente concorda. Bing se revolta. Tempos depois ele vê um anúncio mostrando ela realizando um ato sexual aparece na tela, mas ele não pode ignorá-lo porque não tem pontuação suficiente. Assombrado por seu erro Bing se sente culpado e determinado a fazer algo a respeito. Se empenhou para conseguir a pontuação para ir ao show de talentos, ele vai dançar.

No meio da sua performance, ele para e tira um caco de vidro e ameaça se matar ao vivo no programa. Chora e reclama sobre o quão é injusto o sistema e insensível com pessoas. Os juízes não levam seu ato em consideração, mas pelo contrario utilizam sua performance para fortalecer o sistema e criam uma alternativa a todos aqueles que se sentem como ele. Oferecem ao rapaz o seu próprio show, no qual ele pode reclamar sobre o sistema. Capturado pelo sistema, Bing reforça-o e se aprisiona ainda mais; auxilia aperfeiçoamento de novos mecanismos de escape para todos aqueles que se sentiam como ele.


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Dica de Série: Black Mirror 01×01 – The National Anthem

 

Post in: tamiresmascarenhas

 

  • Diretor: Otto Bathurst
  • Escritores: Charlie Brooker e Charlie Brooker

  • Data de Exibição: 4 de Dezembro de 2011

  • Sinopse: O primeiro-ministro Michael Callow enfrenta um dilema chocante quando a Princesa Susannah, um membro muito querido da família real, é sequestrado.

  • Elenco:

Rory Kinnear como Michael Callow
Lindsay Duncan como Alex Cairns
Donald Sumpter como Julian Hereford
Tom Goodman-Hill como Tom Blic
Anna Wilson-Jones como Jane Callow
Patrick Kennedy como Chefe da Seção de Walker

  • Review: 

No período que antecedeu o Natal é divulgado um vídeo com a princesa Susannah de Beaumont que foi sequestrada e nele ela diz que para ser libertada e não ser assassinada, o primeiro ministro britânico Michael Callow deveria ter relações sexuais com um porco vivo na televisão. Ou seja, a única pessoa que poderia salvar a vida da princesa era o primeiro-ministro, não havia solicitação de dinheiro e nem outro item.

 

 

Com o vídeo na web acontece o que é comum, a cobertura “completa” pelos jornais e redes sociais. A série mostra como jornais noticiam frequentemente a notícia, realizando entrevista com pessoas solicitando a opinião pública. Há cenas em que a população se reunia ao entorno da TV como se fosse qualquer outro evento, emitindo opiniões sobre o que o primeiro ministro iria fazer; e não sobre o fato dela ter sido sequestrada ou debate sobre o sequestrador; ou a questão moral do que estava sendo solicitado pelo criminoso ao político.

 

Eles mostram a quantidade de Views tem o vídeo do sequestro, assim como a quantidade de Twitts por minuto, ou seja, era o assunto do momento:

 

A pressão sobre Michael de ir adiante com o ato não é apenas vindo do assaltante, mas de quem assiste o vídeo e de quem forma opinião do que o melhor. Os esforços para manter o vídeo longe do público são inúteis; as opiniões do publico variam, mas mesmo o mais melindroso não pode conter um fascínio com a possibilidade de que eles podem estar vendo um líder político cometer bestialidade na televisão.

 

                                                                  

 

Quando Callow finalmente aparece na transmissão, vemos um pub cheio de espectadores aplaudindo desordenadamente e um hospital com os funcionários ao redor da Tv como se fosse uma final da copa do mundo. Quando ele realiza o ato com o porco revela uma população assustada, mas que não tirando os olhos da cena. Neste exato momento podemos ver cenas das ruas totalmente vazias, insinuando que a população em geral estava assistindo o grande ato.

 

                                                     

 
Esse assunto me lembra muito o conceito “espetacularização midiática” discutida por Guy Debord em A Sociedade do Espetáculo, publicado em 1967. Em paralelo com o episódio da série e o conceito podemos perceber a teatralidade e a representação emergindo na sociedade; e que o espectáculo sinaliza resultado dos modos de produção atuais.
 

“O espetáculo não é um conjunto de imagens, mas uma relação social entre pessoas, mediada por imagens” (DEBORD, 1997:14)

 

Retornando a série o sequestrador soltou a menina antes do Callow realizar o ato, porque tinha certeza que ninguém estaria olhando.  Há um dabate imbutido que é a humilhação e figuras exaltadas, impulsos, voyeurismo e lascivos. Uma coisa que pensei é que se você viu o vídeo não há como voltar atrás, e não existe diferença entre o sequestrador e o telespectador.

 

Um fato ocorrido atualmente que lembra é o vídeo divulgado do estupro no twitter, ele foi amplamente divulgado, pela redes sociais como Facebook, Twitter e Whatssap. Quantos assistiram, compartilharam, comentaram e até concordaram com o ato e/ou defenderam os agressores.