o desejo na psicanálise Lacaniana

Freud Explica: O Desejo na Psicanálise Lacaniana

Bem-vindos a mais um episódio do Freud Explica! Hoje, vamos explorar um tema intrigante que está no centro da experiência humana e que fascina a psicanálise: o desejo na psicanálise Lacaniana.

O que realmente significa “desejar”? Por que estamos sempre em busca de algo, mesmo quando nem sabemos o que é?

Lacan, o psicanalista francês que revisitou e expandiu as teorias freudianas, propôs que o desejo não é apenas uma questão de querer ou precisar de algo concreto – é, na verdade, uma força que nos move e nos define profundamente.

O que é o desejo na psicanálise Lacaniana?

Segundo Lacan, o desejo humano é muito mais complexo do que imaginamos. Ele parte da ideia de que o desejo nunca é plenamente satisfeito porque não diz respeito a algo que podemos simplesmente alcançar ou obter.

O desejo é sempre um “desejo de algo além”, algo que escapa, que é sempre um pouco inalcançável, mas que nos impulsiona. Para Lacan, esse desejo é estruturado pela linguagem e pelas relações sociais – é a busca por algo que sentimos que nos falta, mas que nunca conseguimos realmente entender ou completar.

Um ponto fascinante na teoria de Lacan é o conceito de desejo do Outro. O que ele quer dizer com isso?

Em resumo, Lacan sugere que nosso desejo é moldado pelo desejo daqueles ao nosso redor. Desejamos, em parte, o que acreditamos que o Outro deseja de nós, ou o que achamos que dará sentido à nossa própria existência. Esse desejo “emprestado” gera uma tensão constante, pois estamos sempre tentando corresponder a expectativas ou captar sinais do que o Outro deseja.

E, claro, o desejo lacaniano não pode ser completamente realizado. A psicanálise lacaniana nos ensina que viver é, em grande medida, lidar com essa falta estrutural – algo que nos torna humanos. Então, por que é importante refletir sobre o desejo? Porque ele está presente em cada escolha, relacionamento e busca pessoal, influenciando como enxergamos o mundo e a nós mesmos.

Então, eu pergunto a vocês: O que vocês realmente desejam? E até que ponto esse desejo é genuinamente seu ou é reflexo de algo ou alguém que o influencia?

Esperamos que este episódio inspire reflexões e diálogos internos. No próximo, vamos explorar um novo conceito que também promete trazer mais questionamentos sobre quem somos e o que buscamos na vida.

carl gustav jung

Vozes da Psicologia: Carl Gustav Jung

 

 

 

Você já ouviu falar de Carl Gustav Jung? Ele é, sem dúvida, um dos nomes mais intrigantes da psicologia e alguém que seguiu um caminho único e fascinante. Jung nasceu em 26 de julho de 1875, na Suíça, e desde cedo se interessou pelo que estava além do óbvio, pela profundidade da mente humana. E isso o levaria a se tornar um dos psicólogos mais respeitados e polêmicos de sua época.

Quem foi Carl Gustav Jung?

Jung começou sua carreira como médico, mas rapidamente mergulhou nos estudos da mente humana. Ele até teve uma relação de amizade e colaboração com Freud, que durou alguns anos e foi muito produtiva. Os dois compartilhavam um interesse intenso pelo inconsciente, e Jung via em Freud um mentor. No entanto, com o tempo, Jung começou a desenvolver suas próprias ideias, o que acabou criando uma ruptura entre eles. Enquanto Freud via o inconsciente como um lugar de desejos reprimidos, Jung acreditava que havia algo muito mais profundo e universal ali.

E é aí que entra um dos conceitos mais famosos de Jung: o inconsciente coletivo. Para ele, além do inconsciente pessoal – que é exclusivo de cada um de nós –, todos compartilhamos um inconsciente coletivo, repleto de imagens, símbolos e memórias ancestrais. Ele acreditava que esses elementos fazem parte da nossa estrutura psíquica e influenciam nosso comportamento e forma de ver o mundo, mesmo que a gente não perceba.

Essas imagens que vivem no inconsciente coletivo são o que Jung chamou de arquétipos. Você já deve ter ouvido falar do herói, do sábio, da sombra, da mãe – todos esses são arquétipos. Eles são modelos ou padrões que, de alguma forma, estão enraizados na psique de cada um de nós. Segundo Jung, quando entramos em contato com essas imagens arquetípicas, é como se estivéssemos tocando algo que é tanto pessoal quanto universal.

Além disso, Jung desenvolveu a ideia dos tipos psicológicos. Ele propôs que todos nós temos uma preferência natural por uma das duas atitudes, introversão ou extroversão, e que também temos diferentes funções mentais, como pensamento, sentimento, sensação e intuição. Essa teoria se tornou a base para muitas das ferramentas de personalidade usadas hoje, como o famoso teste MBTI (Myers-Briggs Type Indicator).

Outro ponto que distingue Jung é o seu interesse pela espiritualidade e pelos símbolos religiosos. Ele acreditava que a psicologia deveria englobar a espiritualidade e que as crenças religiosas tinham um papel importante na vida das pessoas. Jung estudou diversas culturas, mitologias e religiões para compreender os símbolos e rituais que atravessam gerações e que, segundo ele, revelam aspectos profundos da alma humana.

Para Jung, a psicologia não deveria ser apenas uma ciência de observação, mas uma jornada de autoconhecimento. Ele propôs o conceito de individuação, que é o processo pelo qual cada pessoa busca se tornar ela mesma, integrando todos os aspectos da personalidade, tanto os conscientes quanto os inconscientes. A individuação, segundo Jung, é o caminho para a realização pessoal e espiritual. E ele mesmo levou essa ideia muito a sério, usando seus próprios sonhos e experiências como material de estudo.

Jung viveu até os 86 anos e deixou um legado que vai muito além da psicologia. Suas ideias influenciam até hoje áreas como a arte, a literatura e a filosofia, e até mesmo alguns campos da espiritualidade moderna. Ele nos ensinou a ver a mente como um vasto território, onde forças e imagens universais se encontram e formam nossa experiência de vida.

Se você se interessa por entender a profundidade da mente humana, Carl Gustav Jung é alguém que vale a pena explorar. Ele nos convida a olhar para dentro, a descobrir símbolos escondidos e a nos conectar com algo maior do que nós mesmos. Quer saber mais sobre as contribuições desse pioneiro? Não deixe de ouvir nosso episódio completo!


Referência:

Jung, C. G. (1959). Aion: Researches into the Phenomenology of the Self. Princeton University Press.

pai da psicologia

Quem é o pai da psicologia o Freud ou Wilhelm Wundt?

Mas afinal, quem é o pai da psicologia? O Freud ou o Wilhelm Wundt? Bom, de antemão, o Wilhelm Wundt é considerado o “pai da psicologia” por ter fundado o primeiro laboratório de psicologia experimental em Leipzig, Alemanha, em 1879. Ele foi um dos primeiros a abordar a psicologia como uma disciplina científica, focando em estudar os processos mentais de forma objetiva e empírica.

Sigmund Freud, por sua vez, é frequentemente chamado de “pai da psicanálise”. Embora suas teorias tenham sido muito influentes no desenvolvimento da psicologia clínica e da compreensão da mente humana, elas se concentraram mais na psicopatologia e no estudo dos processos mentais inconscientes.

Portanto, ambos são considerados “pais” da psicologia em seus respectivos campos: Wundt na psicologia experimental e Freud na psicanálise. Portanto, enquanto Wundt é creditado como o fundador da psicologia experimental, Freud é reconhecido por suas contribuições significativas para a psicologia clínica e a compreensão da psicodinâmica. Ambos têm papéis importantes na história e no desenvolvimento da psicologia como disciplina.

Gostou de saber quem é o pai da psicologia? Veja também o nosso próximo conteúdo: A importância de Freud para Psicologia!

a importância de freud na psicologia

A importância de Freud para psicologia

Sigmund Freud foi um dos pioneiros na fundação da psicologia moderna e sua contribuição para o campo é de enorme importância. Neste texto vamos mostrar algumas razões que destacam a relevância de Freud para a psicologia. Acompanhe!

Desenvolvimento da Psicanálise por Freud

Freud é conhecido como o pai da psicanálise, uma abordagem terapêutica que revolucionou a compreensão e tratamento dos distúrbios mentais. A psicanálise trouxe à tona a importância do inconsciente na formação da personalidade e no comportamento humano.

Teoria da Estrutura da Personalidade

Freud introduziu o modelo tripartido da mente humana, composto por id, ego e superego. Essa teoria influenciou profundamente a forma como entendemos a formação da personalidade e os conflitos internos.

Ênfase no Inconsciente

Freud enfatizou a influência do inconsciente sobre o comportamento humano. Ele argumentou que muitos dos nossos pensamentos, sentimentos e impulsos são governados por processos mentais que ocorrem fora da nossa consciência.

Contribuição para a Teoria do Desenvolvimento Psicossexual

O especialista introduziu a ideia de que o desenvolvimento emocional e psicológico está intrinsecamente ligado à nossa sexualidade. Ele propôs estágios de desenvolvimento, como oral, anal, fálico, entre outros.

Análise dos Sonhos

Freud afirmou que os sonhos são uma forma de expressão do inconsciente e desenvolveu técnicas para interpretá-los. Esta prática teve um grande impacto na compreensão dos processos mentais durante o sono.

Influência na Cultura Popular

As ideias dele permearam a cultura popular, influenciando não apenas a psicologia, mas também a literatura, cinema e outras formas de mídia.

Abertura para Discussão sobre Sexualidade e Tabus

Freud desafiou normas sociais ao discutir abertamente temas como a sexualidade e os desejos humanos, abrindo espaço para diálogos mais francos sobre esses assuntos.

Estudo dos Mecanismos de Defesa

Freud introduziu o conceito de mecanismos de defesa, que são estratégias psicológicas que usamos para lidar com emoções e situações difíceis. Essa compreensão é valiosa na prática clínica e na compreensão do comportamento humano.

Em síntese, a influência de Freud na psicologia é inegável, e suas ideias continuam a ser debatidas e adaptadas até hoje, contribuindo para uma compreensão mais profunda da mente humana.

Gostou deste conteúdo? Veja também o nosso próximo post: A Psicologia e o seu campo de atuação profissional!

Mestres da Psicologia: Jean-Martin Charcot

Post in: tamiresmascarenhas

   Jean-Martin Charcot nasceu em Paris em 29 de Novembro de 1825. Ficou conhecido por seus estudos sobre esclerose lateral amiotrófica, esclerose múltipla, doença de Parkinson e hipnose.

     Depois de terminar a faculdade de medicina, Charcot trabalhou como estagiário no “Hospital de la Salpêtrière”, sua tese foi bem recebida o levou a ser chefe clinico, em 1853. Mais tarde em 1872 foi nomeado como Professor de anatomia Patológica da Universidade de Paris, uma conquista crucial na sua carreira.

     Obteve treinamento em patologia, reconheceu as importantes relações entre os achados clínicos e anatômicos. No qual reuniu extensos dados através de observações clínicas, incluindo alterações no estado clínico de um paciente (sinais e sintomas clínicos) e, posteriormente correlacionado-as com conclusões sobre autópsia (patologia).

     Realizou estudos pioneiros sobre o sangue descobrindo as plaquetas que levam o seu nome, e descobriu também a gênese da claudicação intermitente. Como professor de anatomia patológica, ele dissertou sobre as doenças de todos os órgãos, proporcionando cadáveres e espécimes para os alunos. Alguns de seus alunos que viria a se tornar médicos bem conhecidos incluem Sigmund Freud, Charles Babinski, e Gilles de la Tourette.

     No hospital Salpêtrière criou uma clínica de neurologia. Descobriu que o hospital tinha uma elevada percentagem de pacientes com problemas mentais, muitos sem diagnóstico ou sem tratamento; era um local de refúgio para mendigos, prostitutas, doentes mentais, criminosos e rejeitado social, de modo que, inicialmente, ele chamou o grande asilo da miséria humana ou “pandemônio de insanidade”.

     Seus estudos foram de grande contribuição para a ciência, foi o primeiro a elucidar a origem e os sintomas de doenças tais como a esclerose lateral amiotrófica, esclerose múltipla e a sua relação com aneurismas miliar. Seus estudos auxiliaram na compreensão da doença de Parkinson, que antes era conhecida como paralisia agitante distintas, de esclerose múltipla.

     Conhecido também por seu trabalho sobre a hipnose e histeria. Acreditava que a histeria era uma doença neurológica na qual o paciente era pré-disposto por características hereditárias de seu sistema nervoso. Ao longo dos seus estudos concluiu que era uma doença psicológica.

     Seus estudos sobre histeria começou depois de criar uma ala especial para mulheres com “histero-epilepsia”; ele descobriu duas formas distintas de histeria entre estas mulheres; menor histeria e grande histeria.

Bibliografia:
http://www.pbs.org/wgbh/aso/databank/entries/bhchar.html
http://www.galenusrevista.com/Jean-Martin-Charcot-1825-1893.html
http://www.cobra.pages.nom.br/ec-charcot.html
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3064755/

Mestres da Psicologia: Pierre Janet

Post in: tamiresmascarenhas.com

     Pierre Marie Félix Janet nasceu em Paris no dia  30 de maio de 1859 e faleceu em 27 fevereiro 1947. foi um psicólogo, psiquiatra e neurologista francês que fez importantes contribuições para o estudo moderno das desordens mentais e emocionais envolvendo ansiedade, fobias e outros comportamentos anormais.

     O pai de Janet era editor do Código de jurisprudência Dalloz, mas o membro da família importante foi o tio Paul, professor de filosofia na Sorbonne, que desempenhou um papel determinante na vocação de seu sobrinho. Em 1879, Janet conseguiu entrar na Ecole Normale Supérieure (da mesma geração do Durckheim, um ano depois de Bergson). Formou-se em filosofia em 1882, ensinou durante alguns meses na escola em Châteauroux antes de ser nomeado em fevereiro 1883 para o Havre. Ele permaneceu lá até 1889 e, em busca de assunto para a sua tese em filosofia, visitou os serviços de médicos Powilewicz Gibert e onde conheceu seus primeiros pacientes, Léonie, Marie-Rose e Lucie. De 30 de Novembro de 1885, relatou suas primeiras experiências em hipnose e sonambulismo em uma nota apresentada por seu tio para a Sociedade de Psicologia Fisiológica. Charcot presidiu a sessão e descobriu o nome de Pierre Janet.

     Em 21 de junho de 1889, Janet apresentou sua tese de filosofia sobre Automatisme psychelogique. Nomeado em Paris, dois meses mais tarde participou do Primeiro Congresso Internacional de Hipnotismo e em novembro começou seus estudos de medicina, atendendo serviços J. Falret de Séglas. Criou para ele o laboratório de psicologia experimental no Salpêtrière e dirigiu sua tese “Contribution a l’étude des accidenta mentaux des hystériques”, 29 de julho de 1893.

      Em 15 de agosto Charcot morreu e foi sucedido por Fulgence Raymond e manteve seu posto para Janet, mas quando ele morreu em 1910. Janet começou a ter problemas com Joseph Jules Déjerine, começou a se interessar mais pela psicologia experimental. Continuou a ensinar filosofia no Colégio Rollin em seguida foi para o Liceo Condorcet, que deixou em 1897 pelo departamento de psicologia experimental na Sorbonne.

     Ele se aposentou em 1935, embora continuasse a exercer a medicina até 1942 e deu palestras sobre o hospital Sainte-Anne. Morreu de repente em Paris em 27 de Fevereiro de 1947, tendo dividido a sua existência entre múltiplas atividades de ensino e pesquisa.

     Janet entrou diversos desacordo com Freud. No Congresso Internacional de Medicina em Londres, em 1913, Janet bateu doutrinas psicanalíticas, particularmente no que diz respeito ao simbolismo dos sonhos e da origem sexual da neurose. Há vinte e cinco anos mais tarde, o filho de Janet, Edouard Pichon, tentou organizar em Viena uma reunião entre os dois homens, Freud se recusou a encontrar seu velho adversário.

     Em relação as obras, infelizmente não encontrei uma lista citando os escritos, achei dois sites buscabiografias e histoiredelafolie que citam as obras dele, as iguais nas duas listas estão em negrito.

> Site Busca Biografias:

1886 Malebranche et les esprits animaux. Introduction à Malebranche: De la recherche de la vérité.
1889 L’automatisme psychologique: Essai de psychologie expérimentale sur les formes inférieures de l’activité humaine.
1889 Baco verulamius alchemicis philosophis quid debuerit.
1893 Etat mental des hystériques: Les stigmates mentaux.
1894 Les accidents mentaux des hystériques.
1896 Résumé historique des études sur le sentiment de la personnalité.
1896 Manuel de philosophie du baccalauréat de l’enseignement secondaire classique.
1898 Névrose et idées fixes (I).
1901 Le sommeil et des états hypnoïdes.
1919 Nécrologie de Th. Ribot.

> Histoire de la folie:

— Les obsessions et la psychasthénie. 1903. 2 vol.
— De l’angoisse à l’extase.
— Etat mental des hystériques. Les stigmates mentaux. 1894.
— L’automatisme psychologique. 1889.
— Le sentiment de dépersonnalisation. Article paru dans le « Journal de psychologie normale et pathologique », (Paris), cinquième année, 1908, pp.514-516.
— Les Médications psychologiques. 1925.
— L’état mental des hystériques. 1911. — Réédition : Avant propos de Michel Collée. Préface de Henri Faure. Marseille, Laffitte Reprints, 1983.
— La psycho-analyse. Partie 1 – Les souvenirs traumatiques. Article parut dans le « Journal de psychologie normale et pathologique », (Paris). 3 parties.
— Un cas de possession et l’exorcisme moderne. 1. — Un cas de possession. — 2. Les rêveries subconscientes. — 3. Explication du délire et traitement. Par Pierre Janet. 1898.
— Une extatique. Conférence faite à l’Institut Psychologique international. Bulletin de l’Institut Psychologique International, 1ère Année – n°5. – Juillet-Août-Septembre 1901, pp. 209-240.
— Dépersonnalisation et possession chez un psychasthénique. Article parut dans le « Journal de Psychologie normale et pathologique », (Paris), Ire année, 1904, pp. 28-37. (en collaboration avec Raymond).

 Referencias:

 http://www.buscabiografias.com/biografia/verDetalle/3148/Pierre%20Janet

http://www.histoiredelafolie.fr/psychiatrie-neurologie/les-delires-dinfluence-et-les-sentiments-sociaux-1-lhallucination-dans-le-delire-de-persecution-par-pierre-janet-1932

 http://www.psicomundo.org/otros/janet.htm