Podemos conceituar o luto como um processo provocado pelo rompimento de vínculo com um objeto, aprofundando podemos descrever como:
Esse rompimento pode ser caracterizar por ser parcial, por exemplo quando alguém que você possui um relacionamento vai residir em outro estado, ou total, podemos dizer no caso da morte.
O vínculo pode ser afetivo positivo, ou amoroso você ama a pessoa com quem você estava e que agora não está mais. Ou pode ser circunstancial, possui um envolvimento amoroso ou envolvimento afetivo; mas tem como característica predominante a ocupação desta pessoa/objeto na vida cotidiana, ou seja, uma pessoa/objeto se posiciona num lugar central de tarefas cotidianas de uma outra, como por exemplo uma perda do trabalho.
O objeto configura-se por significa múltiplos como por exemplo, termino de relacionamento, morte de alguém, ser demitido do trabalho e outros.
O processo do luto vai acontecer devido a atribuição de investimento afetivo, por isso enlutar-se é um processo doloroso. Provoca a necessidade de mudança, a pessoa vai ter que elaborar outros esquemas (afetivos, psíquicos, cotidianos). Por exemplo, se uma senhora acordava todos os dias e fazia o café da manhã para seu marido e ele faleceu, agora este fato cotidiano (de anos, as vezes de 40 anos) não vai mais pode ser realizado por seu esposo faleceu. O luto é um processo no qual a pessoa confronta-se com sua perda e tenta adaptar-se como a nova realidade.
Neste processo acontece uma reorganização de esquemas e de uma vida. Movendo-se para uma ressignificação da relação com aquilo que foi perdido. É importante dizer que a questão do “luto normal” ou “luto patológico” é questionada, porque cada pessoa vai elaborar o luto de uma forma singular. Segundo LEMOS & CUNHA, o luto não possui um fim ou uma solução, mas uma incorporação da perda. Deste modo a pessoa reconstrói seu modo de ser e estar sem aquele objeto perdido.
Essa incorporação não acontece de modo universal e nem linear, mas Kübler-Ross conseguiu descrever esse processo de forma didática facilitando o nosso entendimento sobre tal processo. Ela sistematizou em estágios (em pacientes terminais, referenciado em 2):
Primeiro estágio: negação e isolamento
A negação é mecanismo de defesa temporário diante da morte; geralmente não persiste por muito tempo. A intensidade e duração desse estágio dependem da capacidade do enfermo, e das outras pessoas que convivem com ele, de lidar com essa dor. No entanto, alguns pacientes podem jamais ultrapassar esse estágio, indo de médico em médico, até encontrar alguém que o apoie em sua posição.
O que faz? O mais sensato seria falar sobre a morte com pacientes e familiares.
Segundo estágio: raiva
Esse estágio pode estar relacionado à impotência e à falta de controle sobre a própria vida.
É muito difícil lidar com o paciente nessa fase: faz exigências, se revolta, solicita atenção contínua, faz críticas e tem explosões comportamentais caso não seja atendido ou se sinta incompreendido e desrespeitado. Geralmente se revoltam contra Deus, o destino ou alguém próximo. Uma pergunta comum é “Por que eu? Por que isso está acontecendo logo comigo?“.
O que faz? É importante que haja compreensão dos demais sobre a angústia transformada em raiva no. A raiva expressada não pode ser encarada como algo pessoal.
Terceiro estágio: barganha
Nessa fase, geralmente o paciente tenta negociar com Deus de maneira implícita ou até mesmo com os médicos, entrando em algum tipo de acordo que adie seu desfecho inevitável.
Os pacientes acreditam que, por serem obedientes, alegres e não questionadores, o médico fará com que melhorem. Normalmente, a pessoa que se encontra nesse estágio realiza promessas em sigilo, contando com a possibilidade de ser recompensada por seu bom comportamento. Em geral, o paciente se mantém sereno, reflexivo e dócil.
Quarto estágio: depressão
Essa fase surge quando o paciente se encontra em fase terminal e tem consciência da sua debilidade física; portanto, não pode mais negar sua doença. Nessa etapa, o indivíduo é muitas vezes forçado a submeter-se a mais uma hospitalização ou a outra cirurgia.
A depressão assume quadro clínico característico: desânimo, desinteresse, apatia, tristeza, choro etc.
O que faz? Deve-se deixar o paciente à vontade para externar seu. O paciente está prestes a perder tudo e todos os que amam, por isso é importante que passe os momentos finais junto de seus familiares e entes queridos.
Quinto estágio: aceitação
Kübler-Ross chega à conclusão de que, no último estágio, os pacientes que viveram a doença e receberam apoio podem chegar a essa fase aceitando o processo. Na maioria das vezes, o paciente manifesta grande tranquilidade e pode permanecer em silêncio. Já não experimenta o desespero nem rejeita sua realidade.
O que faz? Esse é o momento em que os familiares mais precisarão de amparo, ajuda e compreensão, devendo a equipe responsável ter ciência do estágio pelo qual o paciente está passando.
Referência:
- Santos, Laura Ferreira dos; Macedo, João Carlos Gama Martins. Elisabeth Kübler-Ross : a necessidade de uma educação para a morte. 2004 disponivel em: http://repositorium.sdum.uminho.pt/handle/1822/947?mode=full
- PAIVA, Fabianne Christine Lopes de; ALMEIDA JUNIOR, José Jailson de; DAMASIO, Anne Christine. Ética em cuidados paliativos: concepções sobre o fim da vida. Bioét., Brasília , v. 22, n. 3, p. 550-560, Dec. 2014 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1983-80422014000300019&lng=en&nrm=iso>. access on 17 Oct. 2016. http://dx.doi.org/10.1590/1983-80422014223038.
- LEMOS, Luana Freitas Simões; CUNHA, Ana Cristina Barros da. Concepções Sobre Morte e Luto: Experiência Feminina Sobre a Perda Gestacional. cienc. prof., Brasília , v. 35, n. 4, p. 1120-1138, Dec. 2015 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932015000401120&lng=en&nrm=iso>. access on 17 Oct. 2016. http://dx.doi.org/10.1590/1982-3703001582014.